Ana
Lúcia Hennemann
As práticas
pedagógicas começaram a modificar-se com a Educação Inclusiva, sendo que esta
trouxe novos desafios, novas formas de percepção do contexto educacional. Por
isso, surge um diferencial na Educação: a Neuroeducação, a percepção do sujeito
na sua individualidade e nesse sentido vamos refletir sobre o que precisa
modificado, quais são os novos olhares que precisamos ter com este indivíduo
que diariamente está dentro da sala de aula.
Um dos primeiros
relatos que temos sobre a educação com um olhar mais global se dá se dá através
das Paideias, na Grécia. As mesmas eram constituídas a partir da concepção de
que a comunidade e o indivíduo são responsáveis uns pelos outros e dessa forma
vão se transformando, integrando-se e evoluindo. O indivíduo era percebido sobre seus diversos
aspectos e fazia parte de uma cadeia social, cada um era importante. Cada um
tinha contribuições para a evolução daquele contexto social.
Entretanto, as
concepções mudaram e a educação “abandonou” a percepção individual e integral do sujeito
para um outro aspecto muito diferenciado, o indivíduo valia o quanto ele
produzia, em outras palavras, o melhor aluno era aquele que conseguia acumular
mais conhecimento. Mas até aqui a escola ainda não era para todos. Apenas
alguns privilegiados estudavam.
Conforme Tracey
Espinosa, mesmo tendo os direitos assegurados pela Declaração Universal do
Direitos Humanos, é somente na década de 1980 que a educação em massa começa
fazer parte do cenário educacional e através dessa maior diversidade que se
percebe que o sistema educacional necessitava de muitas melhorias.
Todo o
conhecimento que se tinha em educação, aprendizagem e comportamento humano,
ainda era fruto de pesquisas anteriores ao escaneamento cerebral, e as grandes
mudanças começam a ocorrer com o surgimento da Neurociência, que é responsável
pelo estudo do sistema nervoso.
A Psicologia,
uma das áreas que sempre auxiliou a educação, ao agregar conhecimentos da
Neurociência começou a trazer abordagens diferenciadas para o contexto
educacional e, dessa forma, a Pedagogia pautada na Educação e Aprendizagem percebeu
que se faz necessário um novo olhar educacional, voltar às origens da Paideia e
perceber o ser humano como um ser global. Todas as áreas que antes eram
“especializadas em” modificam-se e começam a atuar de modo interdisciplinar agregando
a nomenclatura de Neuroeducação.
A Neuroeducação
não é uma nova área do conhecimento, trata-se da junção dos conhecimentos da
Psicologia, Educação e Neurociência. (Figura 1).
A Neuroeducação
nos traz uma abordagem diferenciada do que é aprendizagem. Anteriormente, numa
visão mais direta poderia se dizer que: “Aprender é a aquisição de novos
conhecimentos”. A mesma Neuroeducação nos mostra agora que “Aprender é
modificar comportamentos”.
Quando pensamos
numa educação inclusiva o significado de aprender dentro destas concepções tem
um valor muito significativo. Porque se o sujeito é somente avaliado pelo viés
do conhecimento adquirido dentro do contexto escolar certamente a educação não
estará sendo inclusiva, mas se ela consegue perceber o educando como alguém que
modificou seu comportamento inicial, seja ele, psicomotor, cognitivo ou
emocional, desse modo sim, estamos diante de uma educação inclusiva, que prima
pelos direitos humanos.
Percebemos
indivíduos Downs atuando na sociedade, seja como repórteres, cineastas,
professores, e demais profissões, temos entendimento do quão é importante a
interação com o meio. Mais ainda, do quão é importante o trabalho de um
profissional que tem o entendimento do funcionamento do sistema nervoso.
O
neuroeducador, profissional da Neuroeducação, resgata a práxis das Paideias. Ele
observa o indivíduo em seus aspectos que precisam ser melhorados e em suas potencialidades e, através disso,
constrói um planejamento individualizado para cada educando. Porém, todos
aprendem, pois há modificação de comportamento tanto para o neuroeducador
quanto para os educandos, ambos necessitam sair de suas zonas de conforto e dessa
forma alcançar patamares mais elevados. Através disso resgata-se um valor
primordial que os gregos já conheciam: a cooperação. A sociedade se constitui
pelo entendimento da responsabilidade que temos uns com os outros e só podemos
mudar a sociedade se mudarmos nossos comportamentos.
Referência
Bibliográficas:
TOKUHAMA – ESPINOSA, Tracey. Why Mind, Brain, and Education
Scienceis the "New" Brain-Based Education. Disponível online em http://migre.me/lXgK3
Extraído: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2015/01/o-surgimento-da-neuroeducacao.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário